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sábado, 4 de fevereiro de 2017

Deficiência da fase lútea - opções de tratamentos naturais

Olá, tentantes, tudo bem?

Neste post eu quero falar um pouco sobre deficiência de progesterona ou deficiência da fase lútea e mostrar que existem tratamentos naturais muito eficazes para aumentar a progesterona e também o tamanho da fase lútea.

Embora eu já tenha falando aqui no blog sobre fase lútea curta, onde eu contei minha experiência com o fitoterápico Vitex, gostaria de fazer um post mais completo sobre o assunto.

Primeiro precisamos entender um pouco sobre a dança hormonal no organismo feminino. A fase lútea é a terceira fase do ciclo de uma mulher. Tem a fase folicular, a fase lútea e a fase da menstruação. Vamos entender um pouco mais sobre cada uma dessas fases? São elas:

Fase folicular: A fase folicular começa logo após a menstruação. Nessa fase, que dura em média 15 dias (podendo ir até 20 ou 30 dias), o revestimento do útero, o endométrio, começa a ficar espesso, preparando-se para receber um possível óvulo fecundado, um embrião. Ao mesmo tempo um dos folículos contendo um óvulo começa a crescer. Esse folículo, que se torna dominante, libera um óvulo, e esse fenômeno é conhecido como ovulação. O óvulo sai do ovário e percorre as trompas, onde deverá acontecer uma possível fecundação.

Fase lútea: A fase lútea corresponde ao período entre a ovulação e a próxima menstruação. Assim que ocorre a ovulação, os níveis de progesterona sobem (a progesterona é responsável pelo aumento da temperatura basal). A progesterona é responsável por manter o endométrio receptivo para o embrião. Caso haja fecundação, a progesterona tende a aumentar e a temperatura basal a subir. Caso não haja fecundação, os níveis de progesterona caem, a temperatura basal desce e o endométrio começa seu processo de descamação culminando na menstruação. 

Menstruação: Corresponde aos dias de sangramento menstrual. O revestimento do útero, o endométrio, começa a descamar devido aos baixos níveis de progesterona e estrogênio. Essa descamação do endométrio você percebe como um sangramento que dura de 4 a 6 dias. 

A maioria dos médicos concorda que uma boa fase lútea deve ter entre 12-16 dias. Se ela tiver menos de 12 dias, significa que o endométrio está descamando antes da hora. A grosso modo, um embrião não teria tempo de se fixar no endométrio antes de ele começar a descamar. Isso pode resultar numa gravidez química, que acontece quando há fecundação porém o embrião não consegue se fixar no endométrio, e acaba por sair junto com a menstruação. Como o hormônio da gravidez (HCG) começa a ser produzido logo que há fecundação, algumas mulheres conseguem um positivo no teste de gravidez, porém se deparam com a menstruação depois de alguns dias.

Alguns sintomas de fase lútea deficiente:
  • Ciclo menstrual curto (menos de 24 dias);
  • Baixa progesterona;
  • Temperaturas basais inconstantes após a ovulação;
  • Sintomas estranhos durante a fase lútea, tais como dor lombar, sangramento e fezes moles.
Com excessão da baixa progesterona (que não dosei), eu não tinha nenhum outro sintoma. Meus ciclos tinham duração normal de 30 dias, minhas temperaturas basais eram normais após a ovulação e nunca tive nenhum sintoma estranho. Eu jamais suspeitaria de uma fase lútea deficiente se não medisse minha temperatura basal. No meu caso, apesar do ciclo ser longo, eu tenho ovulação tardia (entre o 16-20DC). 12 dias após a ovulação, no máximo, a menstruação descia.

Este post contem muitas informações do site Natural Fertility Info.

Principais razões da fase lútea curta

Existem várias razões para uma fase lútea deficiente. A mais comum delas é a baixa progesterona. A progesterona é um hormônio de extrema importância para manter a espessura do endométrio e a gravidez durante o primeiro trimestre. Se algo estiver atrapalhando a produção de progesterona ou impedindo que ela atinja níveis séricos normais, pode acarretar numa deficiência da fase lútea. Se a progesterona não aumenta o suficiente logo após a ovulação ou cair muito cedo antes da menstruação, pode causar uma fase lútea curta.

Baixa produção de folículos: se a glândula pituitária não fabrica FSH (hormônio folículo-estimulante) suficiente durante a fase folicular, os ovários têm uma resposta fraca ao estímulo, levando a um desenvolvimento inadequado do folículo. Como esse folículo irá se tornar um corpo lúteo após a ovulação, o seu pobre desenvolvimento resultará em um corpo lúteo de baixa qualidade. Por sua vez, um corpo lúteo de baixa qualidade irá produzir quantidades inadequadas de progesterona. Em outras palavras, quantidades insuficientes de FSH levam à baixa produção de folículos ovarianos (ou baixa qualidade), que por sua vez irão secretar baixa quantidade de estrogênio (o estrogênio é secretado pelos folículos ovarianos). Concomitantemente, a baixa qualidade do folículo irá impactar diretamente na produção de progesterona após a ovulação quando ele assumir a função de corpo lúteo. O estrogênio pode ser responsável por um endométrio fino que, por conta da baixa progesterona, descama antes da hora, resultando numa menstruação precoce e numa fase lútea deficiente.

Queda prematura da progesterona: se os níveis de progesterona caírem muito cedo (geralmente poucos dias após a ovulação), o organismo automaticamente pensa que é hora de descamar o endométrio e começar outro ciclo tudo de novo. Ciclos muito curtos (geralmente menos de 24 dias) geralmente são um sinal deste tipo de defeito na fase lútea.

Hormônio Luteinizante baixo: o LH aumenta antes da ocorrência da ovulação (cerca de 24 horas antes). É este pico do LH que faz com que a ovulação ocorra. Um pico de LH abaixo do normal evitaria a ovulação e causaria baixos níveis de progesterona também. No caso a baixa progesterona seria em função do ciclo anovulatório.

Falha do revestimento uterino: o óvulo fertilizado precisa de um ambiente nutritivo para crescer e se desenvolver como feto. Este é o trabalho do útero. Mas, se o seu revestimento uterino não é suficientemente espesso - ou forte o suficiente - não poderá sustentar esta nova vida e um aborto pode ocorrer. Isso também pode ser causado por hormônios baixos ou desequilíbrio hormonal. Estrogênio é o hormônio que espessa o revestimento uterino em preparação para a implantação e progesterona "amadurece" o útero preparando para implantação.

Colesterol baixo e baixo peso: outra possível causa da deficiência na fase lútea é o colesterol baixo. Níveis anormalmente baixos de colesterol resulta em baixa ou nenhuma produção de progesterona. Todos os hormônios, incluindo a progesterona, devem ter colesterol para serem fabricados pelo organismo. Baixo peso corporal pode também ser uma causa da fase lútea deficiente devido a baixos níveis de colesterol e gordura corporal, que podem causar baixos níveis hormonais de forma geral.

Opções para corrigir a deficiência da fase lútea

Embora a deficiência da fase lútea seja um problema sério, proibindo a ocorrência da gravidez, a boa notícia é que na maioria dos casos ela pode ser corrigida com terapias naturais.

Certifique-se de que qualquer sugestão de suplemento ou fitoterápico citado abaixo esteja acompanhado de uma boa alimentação, de preferência prescrita por nutricionista ciente das tentativas de engravidar.

Vitamina C: um estudo mostrou que a ingestão de vitamina C melhora os níveis hormonais e aumenta a fertilidade em algumas mulheres com deficiência na fase lútea. Durante o estudo, as 313 pacientes que foram escolhidas tinham níveis de progesterona abaixo de  10 ng/mL medidos em três momentos após a ovulação (5º, 7º e 9º dia após a ovulação). Nesse estudo, foi administrado 750 mg de ácido ascórbico (vitamina C) nas pacientes. A suplementação com ácido ascórbico aumentou significativamente os níveis séricos de progesterona em pacientes com defeito na fase lútea (53% delas teve esse aumento, comparado com 22% das mulheres do grupo de controle). Os resultados do estudo mostraram 25% das mulheres que receberam vitamina C engravidaram dentro de 6 meses em comparação com o grupo placebo em que 11% engravidaram no mesmo período. A pesquisa conclui que a suplementação com ácido ascórbico (vitamina C) é um tratamento eficaz para algumas pacientes com defeito na fase lútea. Link do artigo da pesquisa aqui.

Ômega 3: a gordura do ômega 3 pode ajudar a normalizar as taxas hormonais em mulheres com baixo colesterol e/ou baixa gordura corporal.

Óleo de côco, ovos e carne: como já mencionado, o colesterol é necessário para a produção de hormônios. Evite dietas com baixo teor de gordura e certifique-se de comer carne com boas gorduras provenientes de animais alimentados com capim (carne orgânica). Os alimentos ricos em colesterol bom são: carne, leite cru de vacas alimentadas com capim ou cabras, iogurte de leite integral e kefir, ovos de galinha caipira, manteiga de leite orgânico e óleo de coco.

Metformina: embora não seja um tratamento natural, acredito que é importante falar sobre metformina aqui, umas vez que muitas portadoras de SOP (síndrome dos ovários policísticos) lêem o blog. Um outro estudo mostrou que melhorar a sensibilidade à insulina pode aumentar os níveis de progesterona em 146%. Observou-se uma correlação negativa entre a insulina e a progesterona e entre as concentrações de progesterona e LH e observou-se uma correlação positiva entre LH e insulina. O estudo demonstrou ainda um aumento significativo na concentração de progesterona na fase lútea (4,9 ng/ml versus 16,97 ng/ml) em mulheres com SOP tratadas com metformina. Os resultados sugerem que a hiperinsulinemia/resistência à insulina pode ser responsável por baixos níveis de progesterona durante a fase lútea na SOP.  Para as portadoras de SOP, o nível de progesterona na fase lútea pode ser aumentado ao diminuir a secreção de insulina com metformina. Link do artigo da pesquisa aqui.

Vitex agnus-castus: para quem procura uma forma mais natural de aumentar os seus níveis de progesterona, tomar um suplemento de Vitex (também conhecido como Chasteberry) pode ser a solução. O Vitex tem sido usado por séculos para tratar todos os tipos de problemas femininos, incluindo infertilidade. Estudos têm mostrado que essa erva é afetiva para promover o prolongamento da fase lútea. Embora não contenha qualquer hormônios em si, o Vitex ajuda o organismo a aumentar sua própria produção de LH (hormônio luteinizante) promovendo a ovulação, que por sua vez aumenta os níveis de progesterona durante a fase lútea do ciclo. Eu já tomei Vitex, você pode ler sobre minha experiência aqui.

Creme de progesterona: um dos tratamentos mais comuns para alongar a fase lútea é usar um creme de progesterona, de preferência bioidêntico/natural. Encontrado facilmente em farmácias (de preferências as de manipulação, que podem manipular a progesterona bioidêntica), o creme de progesterona natural deve ser usado duas vezes por dia na parte interna do braço, na parte interna da coxa interna ou pescoço, após a ocorrência da ovulação até o início da próxima menstruação. Se o problema da deficiência da fase lútea for o LH (hormônio lutenizante) baixo, então apenas usar a progesterona provavelmente não irá funcionar.

Vitamina B6: muitas mulheres relataram uma fase lútea mais alongada após a suplementação com vitamina B6 provavelmente por conta do efeito de equilíbrio hormonal que a vitamina B6 tem sobre o corpo. A vitamina B6 promove a saúde do folículo à medida que ele amadurece. Estimular a qualidade do folículo resulta não apenas em um óvulo de qualidade como também em um corpo lúteo mais saudável com condições de produzir progesterona por um maior período de tempo. Dessa forma, tomar um suplemento de vitamina B6 pode ser uma opção. O uso sugerido é 50mg até 100mg diário. Certifique-se de usar vitamina B6 em conjunto com um complexo, juntamente com outras vitaminas B para evitar causar desequilíbrios.

Vitamina E e L-arginina: em um outro estudo, pacientes com defeito na fase lútea (concentrações séricas de progesterona menores do que 10 ng/ml no meio da fase lútea) e baixo fluxo sanguíneo do corpo lúteo* receberam vitamina E (600 mg/dia) ou L-arginina (6 g/dia). A vitamina E melhorou o fluxo sanguíneo do corpo lúteo em 83% das pacientes e melhorou os níveis séricos de progesterona em 67% das pacientes. A L-arginina melhorou o fluxo sanguíneo do corpo lúteo em 100% das pacientes e melhorou a progesterona sérica em 71%. No grupo controle, que não receberam nenhuma medicação para aumentar o fluxo sanguíneo do corpo lúteo, apenas 9% melhoraram no corpo lúteo e 18% melhoraram os níveis de progesterona sérica. Link do artigo da pesquisa aqui.
* Segundo o estudo, o fluxo sanguíneo no corpo lúteo está associado à função lútea.

Fontes: 

2 comentários:

  1. Olá, tô chegando por aqui agora é parece que estou onde precisava estar.Estou tentando arrumar a casa pra virar uma tentante oficial.1 ano sem AC, tenho ciclos de 28 dias com ovulação entre DC 16-19, ou seja uma fase lutea de uma semana e muito escape.
    Apesar do escape meu endométrio estava 8mm na última ultra, mas além do escape ser incômodo ele atrapalha a nidacao, e com uma fase lutea desse tamanho, tô muito preocupada!
    Tem postagem sobre escape aqui?
    Obrigada

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  2. Pessoal, boa noite. Estou me inteirando sobre o assunto. Tenho um filho já de 5 anos , mas estamos na tentativa de mais um bebe. Já tive 2 abortos espontâneos nessa tentativa. Não passam de 10 semanas e o Beta HCG regride. Meu médico disse que necessitariamos investigar. Daí fiquei sabendo dessa tal trombofilia que atinge 30% das mulheres e não tinha esse conhecimento. É comum ocorrer abortos espontâneos por esse motivo? Mesmo em pessoas que já foram mães? Aproveito a oportunidade para agradecer ao conteudo postado.

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