Olá minhas leitoras!
Tudo bem com vocês?
Hoje trago finalmente o relato do meu parto.
Hoje, o dia que meu filho completa 2 anos de idade.
Hoje, o dia que meu filho completa 2 anos de idade.
Parabéns pelos teus 2 anos de vida, meu Arthur lindo, meu filho amado! O quanto eu te amo não está escrito! É clichê, mas quando você nasceu, eu renasci. Nasceu um projetinho e junto uma arquimãe. Você me ensinou a te amar, e nem lembro mais como era a vida antes sem esse amor incondicional. Eu era incompleta e não sabia. Você veio para me transformar. Eu te amo infinito. Mamãe.
É comum o simbolismo de postar o relato de parto quando o bebê faz um ano. Até nisso vou ser diferente rs. Quando Arthur fez 1 ano eu estava em pleno puerpério, sentindo e vivendo tudo o que tinha direito. Eram longas noites sem dormir, estava com Tireoidite Pós Parto, desenvolvi crises de ansiedade e ainda não me reconhecia como mãe, muito menos como esposa e mulher (no sentindo de ser alguém útil na sociedade).
Preciso começar este relato escrevendo que a maternidade veio para me mostrar que não tenho controle de nada. Minha gravidez foi uma surpresa, escrevi um relato aqui. Um susto num momento da vida que eu questionava se realmente queria ser mãe. Você deve estar confusa e se perguntando: "oi? Como assim, se o blog fala sobre 'projetar um bebê'?" Leia lá meu relato que você vai entender.
Desde que comecei nesse mundo da fertilidade me interesso pelo assunto de Parto Humanizado. Conheci, no Facebook, dois grupos que mudaram totalmente minha trajetória de vida, o "Tentantes Empoderadas" e o "Cesárea? Não, obrigada!". Embora não fosse de fato uma tentantes, foi no "Tentantes Empoderadas" que descobri o básico sobre fertilidade feminina. Já o "Cesárea? Não, obrigada!" é um grupo cheio de informações baseadas em evidências sobre gestação e parto humanizado. Foi um processo natural, desejar que, caso eu viesse a ter um filho algum dia, ele viesse através de um parto humanizado.
Assim que passou o choque inicial da gravidez, não medi esforços para pesquisar sobre parto humanizado na minha região. E foi através dos grupos no Facebook que descobri que em São Carlos, cidade há 50 minutos de onde eu moro, havia uma maternidade humanizada e um médico humanizado! Após contato com algumas meninas que recém haviam parido com esse médico, marquei uma consulta e fui! Estava receosa, confesso, pois esse médico atende pelo plano e a gente sabe que 99% dos médicos de convênio não são realmente humanizados. Fiquei muito tranquila após a primeira consulta com o Dr Rogério, pois ele realmente era atualizado. Marido também gostou muito do jeito dele, pois ele é um médico muito direto e sincero, sem enrolação. Ele faz questão de desmistificar tudoooo e explicar o porquê de cada coisa. No final da consulta, me entregou vários cartões de doulas e me disse para ficar a vontade para escolher qualquer doula que quisesse (não precisava escolher necessariamente uma doula dos cartões que ele deu). Aproveitei para conhecer a maternidade. Fui muito bem recebida e uma enfermeira obstetra tirou todas as minhas dúvidas. Essa maternidade atende convênio e SUS. No SUS são as enfermeiras obstetras que assistem aos partos. Saí de lá encantada. Era lá que eu queria parir! Como eu estava sem plano de saúde, paguei a consulta do Dr Rogério particular e fiz um plano com a maternidade. Lá eles tem diversos tipos de plano e eu escolhi o Plano A, um plano em que você escolhe o obstetra para assistir teu parto e o pediatra para recepcionar o bebê. O obstetra já estava certo, era o Dr. Rogério. Como pediatra, escolhi um que visitei no final da gravidez.
À noite, na casa da minha tia (ela mora em São Carlos), estudei os cartõezinhos das doulas. E um me chamou a atenção. Havia o recorte de um gatinho, era o cartão da doula Karina. Eu AMO gatos e para mim foi um sinal de que era ela que iria me acompanhar. Além do mais, ela atendia meu único requisito em relação à doula: que fosse também enfermeira obstetra! Como mãe de primeira viagem, eu não me sentia segura, e preferi contratar alguém que tivesse conhecimento técnico e pudesse intervir caso algo acontecesse, afinal iria esperar em casa a maior parte do trabalho de parto. Muita gente afirma que o papel de doula não se mistura com o de enfermeira obstetra. E eu respondo que de fato não se misturam, se complementam! Assim que conheci a Karina já gostei muito do jeito dela. Ela trabalhou muitos anos no SUS assistindo parto normal. Eu me sentia segura.
Vale fazer um parênteses aqui para dizer que meu marido estava fazendo doutorado em São Carlos. Quando eu estava com 7 meses de gravidez, resolvemos nos mudar para lá. Agora não tinha mais a pressão de ter que viajar 50 minutos em trabalho de parto e eu relaxei e curti o restinho da minha gravidez.
No final da gravidez eu me sentia tranquila e pouco ansiosa. Aguardava. Preparava o ninho para o meu pequeno. No cartão pré-natal do meu médico estava escrito que Arthur nasceria entre 23/11/2017 (38 semanas) e 21/12/2017 (42 semanas). Eu tinha o pressentimento de que ele iria nascer dia 10/12, minha 9ª lua, a lua minguante.
Chegou o dia 07/12, minha DPP, 40 semanas! Eu não sentia nada! Quicava diariamente na bola suiça, fazia caminhadas e comia tâmaras loucamente achando que isso iria ajudar a parir logo. Rsrs Quanta inocência! Mas nada aconteceu, nem quando chegou o dia 10 e a minha 9ª lua, a lua minguante, a famosa lua que faz e entrega os bebês meninos. Me despedi desse dia sem qualquer sinal de que Arthur estava preparado para estreiar nesse mundão. E os dias passando, chegando a semana 41... nada! Nenhum sinal, nenhuma perda de tampão, nenhuma cólica diferente. Começava a pressão - de minha parte, pois minha família sempre foi muito tranquila e me respeitou! Eu tentava me apegar às mudanças da lua, mas nada, a lua me traiu e não colaborou rs.
Chegou o dia 07/12, minha DPP, 40 semanas! Eu não sentia nada! Quicava diariamente na bola suiça, fazia caminhadas e comia tâmaras loucamente achando que isso iria ajudar a parir logo. Rsrs Quanta inocência! Mas nada aconteceu, nem quando chegou o dia 10 e a minha 9ª lua, a lua minguante, a famosa lua que faz e entrega os bebês meninos. Me despedi desse dia sem qualquer sinal de que Arthur estava preparado para estreiar nesse mundão. E os dias passando, chegando a semana 41... nada! Nenhum sinal, nenhuma perda de tampão, nenhuma cólica diferente. Começava a pressão - de minha parte, pois minha família sempre foi muito tranquila e me respeitou! Eu tentava me apegar às mudanças da lua, mas nada, a lua me traiu e não colaborou rs.
Quarta-feira, dia 13/12/2017 - 40+6 semanas
Já com 40+6 semanas tive minha última consulta com o Dr Rogério. Meu obstetra anotou no cartão a data da próxima consulta, uma semana depois, dia 20/12, onde eu estaria com 41+6. E avisou: se não nascer nos próximos dias, faremos uma indução dia 21/12 (quinta-feira), quando eu estivesse com 42 semanas. Saí da consulta e fui comprar o berço. Com quase 41 semanas não tinha comprado o berço ainda kkkk. (Se soubesse que não iria usar o berço por longos meses, teria economizado dinheiro e tempo).
Quinta-feira, dia 14/12/2017 - 41 semanas
Inicialmente, dia 14/12 seria minha DPP (40 semanas) se fosse seguir as contas pela DUM (data da última menstruação), porém pelo Ultrassom eu já estava de 41 semanas.
Sexta-feira, dia 15/12/2017 - 41+1
Nesse dia foi feita a montagem do berço e finalizei a organização das malas.
Domingo, dia 17/12/2017 - 41+3
Dia do nosso aniversário de casamento! Completamos 6 anos de casados!
Segunda-feira, dia 18/12/2017 - 41+4
Lua Nova! Decidi que essa lua não iria me trair rs, não aguentava mais a ansiedade e estava decidida a fazer alguma coisa, pois não queria a indução e confiava no meu corpo.
Dr Rogério havia recomendado fazer acupuntura para induzir naturalmente o parto, então nesse dia, às 9h da manhã, liguei no consultório e por sorte tinha horário para às 15h. Marquei uma sessão de acupuntura, com um médico homeopata maravilhoso, Dr Júlio César Nagliati! Já durante a sessão, tive minha primeira contração, leve, mas presente! Um sinal! Saí radiante. Estava inchadíssima, mas fomos direto comprar os ingredientes para fazer o famoso Chá da Naoli, de autoria de uma famosa parteira mexicana. É um chá conhecido por estimular as contrações uterinas e induzir naturalmente o trabalho de parto.
Quinta-feira, dia 14/12/2017 - 41 semanas
Inicialmente, dia 14/12 seria minha DPP (40 semanas) se fosse seguir as contas pela DUM (data da última menstruação), porém pelo Ultrassom eu já estava de 41 semanas.
Sexta-feira, dia 15/12/2017 - 41+1
Nesse dia foi feita a montagem do berço e finalizei a organização das malas.
Domingo, dia 17/12/2017 - 41+3
Dia do nosso aniversário de casamento! Completamos 6 anos de casados!
Segunda-feira, dia 18/12/2017 - 41+4
Lua Nova! Decidi que essa lua não iria me trair rs, não aguentava mais a ansiedade e estava decidida a fazer alguma coisa, pois não queria a indução e confiava no meu corpo.
Dr Rogério havia recomendado fazer acupuntura para induzir naturalmente o parto, então nesse dia, às 9h da manhã, liguei no consultório e por sorte tinha horário para às 15h. Marquei uma sessão de acupuntura, com um médico homeopata maravilhoso, Dr Júlio César Nagliati! Já durante a sessão, tive minha primeira contração, leve, mas presente! Um sinal! Saí radiante. Estava inchadíssima, mas fomos direto comprar os ingredientes para fazer o famoso Chá da Naoli, de autoria de uma famosa parteira mexicana. É um chá conhecido por estimular as contrações uterinas e induzir naturalmente o trabalho de parto.
No final do dia tomei o famoso chá da Naoli. Acredito que a acupuntura + chá foram fundamentais para o início do trabalho de parto. Fui dormir com quase nenhum sinal, apenas uma cólica bem leve que aparecia de vez em quando.
Terça-feira, dia 19/12/2017
Fui acordada pelas contrações que começaram às 4h da manhã! Uhuull, hoje iria conhecer meu bebê (inocência rs). Às 6h acordei o marido que não cabia em si de felicidade.
Às 10h da manhã perdi meu tampão, com fios de sangue! Estava perto! Mandei uma msg para a minha doula, perguntando "Será hoje? 😍".
Nesse momento eu comecei a me preocupar com as dores, estava já tendo contrações muito doloridas. Eu imaginava que seria algo mais gradual. Hoje olhando para trás, me arrepio. Pois Arthur viria a nascer quase 30h depois disso!! Se eu soubesse disso naquele momento, teria me desesperado.
Às 11h as contrações estavam vindo de 4 em 4 minutos e estavam durando 40 segundos. E eu ainda acreditava que iria conseguir ir à tarde para a segunda sessão de acupuntura! Só não sabia como iria conseguir ficar quieta com todas aquelas agulhas espetadas. Mandei o relatório de contrações para a minha doula e ela falou: opaaaa, tô indo praí. E eu escrevi para ela: Ainda tô me sentindo bem, tenho a impressão de que vai se arrastar por horas. Ainda tô tranquila, te aviso qdo começar a ficar "estranha". Apesar das dores, marido e eu estávamos super curtindo o momento e ainda consegui almoçar, com dificuldade, mas consegui.
Às 12h minha bolsa estourou e eu fui para o chuveiro, acredito que minha bolsa tenha tido uma ruptura parcial, pois tive uma pequena perda de líquido. Não foi aquela coisa de filme, com barulho e um monte de água rs.
Logo mais, a Karina, minha doula, chegou. Ainda tava conseguindo conversar e comer alguma coisa, mas as contrações já estavam muito fortes.
Passamos a tarde toda quicando na bola suiça, usando o rebozo (um tecido usado de diversas maneiras para ajudar no TP), recebendo massagem e muito carinho da doula e do marido.
Às 10h da manhã perdi meu tampão, com fios de sangue! Estava perto! Mandei uma msg para a minha doula, perguntando "Será hoje? 😍".
Nesse momento eu comecei a me preocupar com as dores, estava já tendo contrações muito doloridas. Eu imaginava que seria algo mais gradual. Hoje olhando para trás, me arrepio. Pois Arthur viria a nascer quase 30h depois disso!! Se eu soubesse disso naquele momento, teria me desesperado.
Às 11h as contrações estavam vindo de 4 em 4 minutos e estavam durando 40 segundos. E eu ainda acreditava que iria conseguir ir à tarde para a segunda sessão de acupuntura! Só não sabia como iria conseguir ficar quieta com todas aquelas agulhas espetadas. Mandei o relatório de contrações para a minha doula e ela falou: opaaaa, tô indo praí. E eu escrevi para ela: Ainda tô me sentindo bem, tenho a impressão de que vai se arrastar por horas. Ainda tô tranquila, te aviso qdo começar a ficar "estranha". Apesar das dores, marido e eu estávamos super curtindo o momento e ainda consegui almoçar, com dificuldade, mas consegui.
Às 12h minha bolsa estourou e eu fui para o chuveiro, acredito que minha bolsa tenha tido uma ruptura parcial, pois tive uma pequena perda de líquido. Não foi aquela coisa de filme, com barulho e um monte de água rs.
Logo mais, a Karina, minha doula, chegou. Ainda tava conseguindo conversar e comer alguma coisa, mas as contrações já estavam muito fortes.
Passamos a tarde toda quicando na bola suiça, usando o rebozo (um tecido usado de diversas maneiras para ajudar no TP), recebendo massagem e muito carinho da doula e do marido.
À noite eu pedi para que a Karina, que também é enfermeira obstetra, fizesse um toque. Eu estava com 7 cm de dilatação, mas nesse momento o cansaço começou a me vencer e não progredia mais.
No auge do cansaço, de madrugada, tentei dormi entre as contrações e elas começaram a espaçar e a vir de 10 em 10 min (estavam a cada 2 ou 3 minutos antes). Chegou até a cada meia hora, e eu cochilava nesse meio tempo.
Dormi umas 2h, e daí voltei pra bola suíça.
Quarta-feira, dia 20/12/2017
Às 5h da manhã cheguei a 9 cm de dilatação. Fomos pra maternidade às 6h da manhã. Foi lindo ver o dia raiar e lembro que me atentei para a data e achei que era um lindo dia para se nascer. ❤ Ainda bem que fui esse horário, pois logo a maternidade lotou e não tinha mais quarto disponível. Muitos bebês nasceram nesse dia, a maioria de cesárea eletiva: as famosas cesáreas de natal (quando o obstetra faz a cesárea na semana antes do Natal para poder ir viajar e não ter preocupações no feriado).
Dei entrada na maternidade e o obstetra de plantão me avaliou. Eu já estava com 9cm de dilatação! Estava super contente, super feliz, finalmente!! Mal sabia eu que ainda teria quase 10h de trabalho de parto.
Infelizmente, por algum motivo, talvez físico, talvez psicológico, estacionei nos 9 cm de dilatação, e fiquei assim das 6h da manhã até às 13h. Eu não sentia vontade de empurrar, mas as contrações estavam extremamente doloridas. Até que comecei a ficar esgotada, não progredia mais. Não queria ir para a cesárea de jeito nenhum. Porém começava a pensar que, se precisasse da cesárea, eu tinha sido uma guerreira em aguentar até ali. Eu não queria massagem, não queria contato com ninguém. Fui para o chuveiro do quarto, porém lá minhas contrações espaçavam. Saí do chuveiro e fiquei escorada no batente da porta do banheiro, posição que passei boa parte do meu trabalho de parto, inclusive em casa. Nessa posição, eu fazia força e apoiava o meio entre as omoplatas no batente da porta. Eu fazia muita força contra o batente a ponto de doer essa região e dessa forma eu me esquecia um pouco da dor das contrações. Infelizmente essa posição me rendeu dores por muitos dias após o parto e precisei de analgésico e antiinflamatório devido a tanta dor, mas no momento era tudo o que eu conseguia fazer. Na minha mente eu repetia sem parar esse verso bíblico:
Quarta-feira, dia 20/12/2017
Às 5h da manhã cheguei a 9 cm de dilatação. Fomos pra maternidade às 6h da manhã. Foi lindo ver o dia raiar e lembro que me atentei para a data e achei que era um lindo dia para se nascer. ❤ Ainda bem que fui esse horário, pois logo a maternidade lotou e não tinha mais quarto disponível. Muitos bebês nasceram nesse dia, a maioria de cesárea eletiva: as famosas cesáreas de natal (quando o obstetra faz a cesárea na semana antes do Natal para poder ir viajar e não ter preocupações no feriado).
Dei entrada na maternidade e o obstetra de plantão me avaliou. Eu já estava com 9cm de dilatação! Estava super contente, super feliz, finalmente!! Mal sabia eu que ainda teria quase 10h de trabalho de parto.
Infelizmente, por algum motivo, talvez físico, talvez psicológico, estacionei nos 9 cm de dilatação, e fiquei assim das 6h da manhã até às 13h. Eu não sentia vontade de empurrar, mas as contrações estavam extremamente doloridas. Até que comecei a ficar esgotada, não progredia mais. Não queria ir para a cesárea de jeito nenhum. Porém começava a pensar que, se precisasse da cesárea, eu tinha sido uma guerreira em aguentar até ali. Eu não queria massagem, não queria contato com ninguém. Fui para o chuveiro do quarto, porém lá minhas contrações espaçavam. Saí do chuveiro e fiquei escorada no batente da porta do banheiro, posição que passei boa parte do meu trabalho de parto, inclusive em casa. Nessa posição, eu fazia força e apoiava o meio entre as omoplatas no batente da porta. Eu fazia muita força contra o batente a ponto de doer essa região e dessa forma eu me esquecia um pouco da dor das contrações. Infelizmente essa posição me rendeu dores por muitos dias após o parto e precisei de analgésico e antiinflamatório devido a tanta dor, mas no momento era tudo o que eu conseguia fazer. Na minha mente eu repetia sem parar esse verso bíblico:
"Multiplicarei grandemente a dor da tua conceição; em dor darás à luz filhos [...]." Gênesis 3:16
A dor era tanta que pensava: estou pagando meus pecados!
Uma breve pausa para falar sobre sofrimento e a dor do parto. Antes de mais nada, quero relatar o que, pra mim, significa "sofrimento": O sofrimento é o padecimento, a pena ou a dor que uma pessoa sente. Trata-se de uma sensação, consciente ou incosciente que se reflete no padecimento, no esgotamento ou na infelicidade.
Ao relatar a dor e o sofrimento que a dor me causou no trabalho de parto, uma amiga, que está grávida e nunca pariu, respondeu dizendo que sofrimento para ela foi ter uma perda gestacional, sozinha em casa. Então ela iria romantizar sim a dor do parto, porque para ela a dor do parto jamais iria trazer sofrimento, mesmo que doesse mais fisicamente. Na hora eu não soube muito o que responder, porque meu coração doeu por ela! Eu jamais gostaria de relativizar o sofrimento dela! Em nenhum momento meu objetivo foi usar uma régua pessoal para medir o sofrimento alheio. Eu estava falando da minha experiência. Fiquei tão chateada pela conversa ter ido por esse caminho, que só consegui dizer que ficava feliz pelo fato de "sofrimento" ter outro significado e que sem dúvida a dor do parto seria diferente para ela. Mas percebi que ela ficou chateada. Acredito que minhas palavras não conseguiram transmitir o que eu sentia e várias coisas se passaram pela minha cabeça. 1. As pessoas tem concepções diferentes sobre a semântica (interpretação) das palavras. 2. As pessoas tem experiências individuais que moldam a percepção das palavras. 3. As pessoas romantizam o parto, a dor do parto, a maternidade e não há nada de errado com isso. Certa vez alguém disse: "a maternidade é minha e eu romantizo o quanto quiser". Risos. E é verdade. Mas a grande maioria das mulheres se vê perdida em tanta romantização (eu sou uma!) porque não teve uma experiência positiva ou porque é seu jeito analista de ser (eu aqui! rs).
Mas meu parto foi sim sofrido. A dor trouxe sim sofrimento. Ver o olhar desesperado e cansado do meu marido me trouxe um enorme sofrimento. Foi um sofrimento, depois de 36h, esgotada, sem forças físicas e mentais, diante da possibilidade da cesárea, ver meu castelinho de areia se desmoronar e minha mente ecoar "você fracassou". Isso impactou demais o meu emocional, de uma maneira que hoje, eu me esqueci sim da sensação física da dor do parto, mas não me esqueci do impacto emocional dessa dor que se arrastou por 36h. Talvez se meu parto tivesse durado 5h, se eu tivesse acesso à anestesia, banheira, etc, a experiência teria sido totalmente diferente! É claro que no final das contas o saldo é sempre positivo, estejamos falando da dor do parto ou das dificuldades da maternidade. Mas enquanto você não chega no "final das contas", há um padecimento transitório que deve sim ser falado.
Pra vocês terem uma ideia de como "sofrer" tem significados diferentes, dependendo da pessoa, apesar do meu sofrimento, não abro mão de passar por tudo isso de novo! Acho que a minha síntese de "sofrimento" é esta: "O Amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." I Coríntios 13:7. Isso me faz ver o sofrimento como parte do [meu] processo. Dor e amor.
Devido a ausência de progressão no trabalho de parto, meu médico sugeriu colocar ocitocina pra ver se dava uma acelerada no trabalho de parto (eu já estava esgotada!). Minha doula disse que a ocitocina poderia não funcionar, então nesse caso, teríamos que considerar a cesárea. Eu já tinha passado pelo processo interno de aceitação da cesárea; o "você fracassou" da minha mente ecoava cada vez mais baixinho.. Eu já estava conformada, se precisasse da cesárea, iria de cabeça erguida. Nesse momento não tinha mais medo da cesárea! Pensava nela como uma aliada. Karina a doula foi um super apoio, mostrando o quanto eu já havia sido guerreira e que a cirurgia de forma alguma iria apagar o brilho do meu parto. Mas... tcharam, tcharam... uma reviravolta! A ocitocina fez efeito!! Acredito eu que o efeito tenha sido muito mais psicológico do que real, pois não senti nenhum aumento nas contrações. Apenas coloquei na minha mente que era minha última oportunidade de parir meu filho, e assim me concentrei com todas as minhas forças. (Dias depois, enquanto digeria meu parto, conversando com a Karina, chegamos à conclusão que meu parto abriu uma porta dentro de mim. Aquela menina auto-suficiente, anti-social, controladora, perfeccionista que nunca queria ajuda de ninguém, precisou de uma forcinha, da ajuda da ocitocina para parir. E essa necessidade de ajuda, de companhia se repetiu inúmeras vezes durante o puerpério e toda a minha maternagem. O parto nos molda! Interessante, né?).
Uma enfermeira sugeriu sentar na banqueta e eu acatei a sugestão. Sentei, marido sentou numa cadeira atrás e quando a contração passava, eu me escorava nele. Quando a contração vinha, eu apertava as mãos dele. Quando sentei na banqueta já estava em pleno expulsivo. Controladamente fazia força, pois em nenhum momento senti meu corpo pedir para empurrar. Porém estava tão exausta que já não conseguia detectar as contrações. Nesso momento meu médico chega, se assoma na porta, de roupa social e fala: dá tempo de subir me arrumar? As enfermeiras respondem: dá sim. Nesse momento faço outra força e dou um urro gutural e meu médico diz: não dá tempo não, me alcança uma luva. Eu vibrei com essa fala dele, finalmente estava próximo de acabar, 36h depois! Vale dizer que em nenhum momento entrei na partolândia, lembro de tudo, todos os detalhes! Diz minha doula que isso é características de mulheres controladoras, será? rs
Como Arthur ficou muitas horas numa determinada posição, meu médico começou a me orientar quanto aos puxos, como aproveitar melhor a contração, como melhor me posicionar na banqueta, etc. Fiz algumas forças conforme ele me instruia, mas não pareciam efetivas. Então meu médico disse: não tenha medo de fazer xixi e cocô, nem de lacerar, esse bebê precisa sair agora daí, essa posição dele não tá boa. Tem que aproveitar a próxima contração e fazer a maior força da tua vida. Até que dentro de mim, reuni todas as forças que me restavam, e suplicando ajuda dos céus, empurrei. Às 14:50h saiu a cabeça e às 14:53h o corpinho. A sensação é indiscritível e inesquecível. TODA dor some no mesmo instante que o bebê sai. Segurei aquele serzinho por alguns poucos segundos em meus braços, mas nunca vou me esquecer da sensação, seu corpinho quente e molhado, seu cheirinho, seu resmunguinho. Arthur não queria chorar, apenas resmungar, o meu gatinho. Pra que chorar, não é mesmo? Ele teve um parto respeitoso, nasceu tranquilo, foi direto pro colinho da mamãe...
Uma enfermeira sugeriu sentar na banqueta e eu acatei a sugestão. Sentei, marido sentou numa cadeira atrás e quando a contração passava, eu me escorava nele. Quando a contração vinha, eu apertava as mãos dele. Quando sentei na banqueta já estava em pleno expulsivo. Controladamente fazia força, pois em nenhum momento senti meu corpo pedir para empurrar. Porém estava tão exausta que já não conseguia detectar as contrações. Nesso momento meu médico chega, se assoma na porta, de roupa social e fala: dá tempo de subir me arrumar? As enfermeiras respondem: dá sim. Nesse momento faço outra força e dou um urro gutural e meu médico diz: não dá tempo não, me alcança uma luva. Eu vibrei com essa fala dele, finalmente estava próximo de acabar, 36h depois! Vale dizer que em nenhum momento entrei na partolândia, lembro de tudo, todos os detalhes! Diz minha doula que isso é características de mulheres controladoras, será? rs
Como Arthur ficou muitas horas numa determinada posição, meu médico começou a me orientar quanto aos puxos, como aproveitar melhor a contração, como melhor me posicionar na banqueta, etc. Fiz algumas forças conforme ele me instruia, mas não pareciam efetivas. Então meu médico disse: não tenha medo de fazer xixi e cocô, nem de lacerar, esse bebê precisa sair agora daí, essa posição dele não tá boa. Tem que aproveitar a próxima contração e fazer a maior força da tua vida. Até que dentro de mim, reuni todas as forças que me restavam, e suplicando ajuda dos céus, empurrei. Às 14:50h saiu a cabeça e às 14:53h o corpinho. A sensação é indiscritível e inesquecível. TODA dor some no mesmo instante que o bebê sai. Segurei aquele serzinho por alguns poucos segundos em meus braços, mas nunca vou me esquecer da sensação, seu corpinho quente e molhado, seu cheirinho, seu resmunguinho. Arthur não queria chorar, apenas resmungar, o meu gatinho. Pra que chorar, não é mesmo? Ele teve um parto respeitoso, nasceu tranquilo, foi direto pro colinho da mamãe...
"A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pelo gozo de haver um homem nascido ao mundo." João 16:21
Devido ao expulsivo longo, não esperaram pra cortar o cordão, algo que eu fazia imensa questão e deixei muito claro no meu Plano de Parto. Fiquei bem chateada, tentei argumentar com meu médico (tem até foto onde mostra eu brava com ele hahaha), mas não houve acordo. O pediatra solicitava Arthur para poder avaliar. Ele teve 10/10 de Apgar, nasceu ótimo! Questionei o médico e o pediatra e não acho que Arthur precisava da atenção imediata deles, ele podia ter ficado mais tempo no meu colo e poderiam ter esperado para cortar o cordão. Falaram que foi pelo expulsivo prolongado e pela ocitocina. Minha doula disse também que foi porque tive princípio de hemorragia, mas meu médico negou. Cada um dizia uma coisa e até hoje não sei por que esse ponto não foi respeitado do meu plano de parto. Mas ele nasceu ótimo, perfeito! Um sonho de bebê, grandão!
Enquanto o pediatra fazia os primeiros atendimentos, Arthur berrava em plenos pulmões e eu deitei na maca para ser avialiada. Como havia passado quase 36h em trabalho de parto, meu médico pediu para colocar mais ocitocina na minha veia e a placenta saiu super rápido, mal senti. Achei que tinha me rasgado toda, que tinha tido uma imensa laceração, de tanta força que fiz no final. E sabia também, que por conta dos puxos dirigidos, era uma probabilidade alta.
Enquanto o pediatra fazia os primeiros atendimentos, Arthur berrava em plenos pulmões e eu deitei na maca para ser avialiada. Como havia passado quase 36h em trabalho de parto, meu médico pediu para colocar mais ocitocina na minha veia e a placenta saiu super rápido, mal senti. Achei que tinha me rasgado toda, que tinha tido uma imensa laceração, de tanta força que fiz no final. E sabia também, que por conta dos puxos dirigidos, era uma probabilidade alta.
Para minha surpresa tive uma laceração mínima mas não levei nenhum ponto. Pra falar a verdade, acho que meu médico se enganou, pois procurei pela tal laceração nos dias seguintes, inclusive olhando com um espelho e não achei nada! Se houve alguma laceração, cicatrizou quase que instantaneamente.
Meu lindo Arthur nasceu com 3,410 kg e 51 cm, às 14:50h do dia 20 de dezembro de 2017. Um bebezão, de 41+6 pela US e 40+6 pela DUM.
Meu lindo Arthur nasceu com 3,410 kg e 51 cm, às 14:50h do dia 20 de dezembro de 2017. Um bebezão, de 41+6 pela US e 40+6 pela DUM.
A minha querida doula Karina e as enfermeiras obstetras foram excelentes, eu pude escolher a posição, ficar na bola, no chuveiro, recusar toque (aliás, meu médico não fez nenhum), mas eu pedi alguns poucos toques para as enfermeiras.
Meu pequeno não saiu nenhum segundo do meu lado. Tivemos desde o primeiro momento alojamento conjunto, não foi pra berçário, mamou logo que nasceu. Não colocaram roupinha no Arthur, apenas enrolaram em uma manta que eu havia levado e entregaram para meu marido, enquanto eu me recuperava, semi sentada em uma maca. Assim que terminaram os primeiros procedimentos, saiu todo mundo da sala e a Karina sentou ao lado da cama para admirar Arthur e me fazer companhia nessa primeira hora pós parto. Ela me perguntou então o que havia travado a progressão do meu trabalho de parto e eu finalmente consegui falar: eu ainda não havia processado que iria ter um filho, que agora seria mãe e minha vida seria transformada para sempre. Ela se emocionou e eu também. Com lágrimas nos olhos, ela me disse que filhos são a maior benção das nossas vidas. ❤ Ela estava já há muitas horas acordada, então se certificou de que o marido não iria sair do meu lado e foi para a casa descansar.
Então chegou o nosso momento tão esperado, ficou só o marido e eu cheirando a nossa cria; agora éramos uma família. Finalmente mandamos uma foto para nossos familiares e contamos a novidade, afinal estavam muitas horas sem qualquer contato conosco. Foi intenso! rs.
Eu que dei o primeiro banho, coloquei a primeira roupinha, as enfermeiras e os médicos não interferem em nada. Aliás, os médicos aparecem só no expulsivo. Em nenhum momento fui chamada de "mãe" ou "mãezinha", sempre pelo nome, com muito respeito e carinho. Me ajudaram com o banho, sempre dando muita orientação, mas nunca interferindo em nada. Banho no bebê só depois de 24h, a não ser que eu quisesse dar antes.
Me senti uma guerreira, a equipe ficou super feliz pela minha vitória, dava pra ver a alegria e o alívio depois de tantas horas de trabalho de parto.
Quase matei minha família do coração, sem dar notícias. Ficaram extremamente felizes, pois sabiam que o parto para mim era a realização de um sonho.
Foi muito muito difícil, muito mais do que eu imaginava, as contrações de 2 em 2 minutos deixam a gente quase doida.
Meu marido foi super companheiro, aguentou firme comigo todas essas horas, sendo apoio e já se mostrando o pai presente que seria. Minha total admiração e gratidão pela força que ele me transmitiu.
Meu marido foi super companheiro, aguentou firme comigo todas essas horas, sendo apoio e já se mostrando o pai presente que seria. Minha total admiração e gratidão pela força que ele me transmitiu.
Depois de passar tanta dor, deixei o ativismo natureba (kkk até parece) e de querer ser mártir e pedi todos os remédios pra dor possíveis. Tomei antiinflamatório para as dores no corpo porque durante as contrações eu transferia a dor para as omoplatas me apoiando no batente da porta. Meus braços e costas ficaram super doloridos, mesmo com remédio. Fiquei um bom tempo sem sentir os dedos da mão esquerda (eu forçava os dedos contra uma superfície dura pra minimizar a dor). Também fiquei com muita dor no pescoço e dor de garganta devido às muitas horas de vocalização. Com os remédios as dores amenizavam.
Aqui em São Carlos considera-se que não tem analgesia pra parto porque a equipe de anestesistas são muito contra o parto humanizado.
Não há experiência que se compare à de dar à luz a um filho. Você se sente poderosa e invencível, dotada de uma capacidade sobrehumana de vencer tudo pelo teu filho. Permita-se viver essa experiência incrível.
Cidade/UF: São Carlos/SP
Maternidade: Maternidade Dona Francisca Cintra Silva
Obstetra: Dr. Rogerio Gonçalves Lima
Doula: Karina Iannoni De Groote
Plano: Maternidade Plano A (plano particular da maternidade)
Lindo e emocionante relato! Revivi um pouquinho do que nos contasse. Viva o Arthur!! Viva a mamãe!!
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