Oi gente do meu Brasil varonil. Tudo bem com vocês?
Confesso que demorei mais tempo pensando no título para esse post do que para escrever o post hahahaha. O título é pra chocar mesmo. E já adianto: quem não é mãe, não vai entender. E se duvidar, vai criticar, dizendo que a gente é exagerada, que "a avó teve 18 filhos, amou todos e deu conta de tudo". Aham, senta lá, Cláudia. Quando você tiver teu próprio rebento, a gente volta a conversar.
Hoje estava inspirada e escrevi um textinho aqui sobre "AMOR", nosso amor pelos nossos filhos. Espero que gostem!
O que significa "amor"?
O que diz o dicionário?
Sentimento de afeto que faz com que uma pessoa queira estar com outra, protegendo, cuidando e conservando sua companhia. Fonte: Dicio
O dicionário Aurélio explica que "amor é uma emoção ou sentimento que leva uma pessoa a desejar o bem a outra pessoa [...]." Coordenado pelo sistema límbico, responsável pelas emoções, amor é biologia pura.
"Para o psicólogo Erich Fromm, ao contrário da crença comum de que é algo "fácil de ocorrer" ou espontâneo, o amor deve ser aprendido; ao invés de um mero sentimento que acontece, é uma faculdade que deve ser estudada para que possa se desenvolver - pois é uma "arte", tal como a própria vida." Fonte: Wikipédia
Vamos então elencar os principais significados do amor:
- Afeto
- Proteção
- Cuidado/Zelo
- Dedicação
- Paixão
Em quase todos os lugares, o termo "paixão" vem por último. Na verdade, os principais autores não correlacionam uma coisa com a outra. Afirmam que a paixão e o amor são emoções diferentes, química-hormonalmente falando. Cada um no seu quadrado.
A endocrinologista Adriana Pessoa explica: quando há paixão, "ocorre uma intensa atividade cerebral regida pelos hormônios: dopamina, serotonina, estrógeno, oxitocina e testosterona." Este estado compartilha os mesmos circuitos cerebrais da obsessão, mania, intoxicação, sede e fome. As áreas do cérebro que se encontram ativas em uma pessoa apaixonada são as mesmas ativadas pelas drogas ilícitas. A amígdala (área do cérebro responsável pelo sistema de alerta/medo) e córtex cingulado anterior (região responsável pelo pensamento crítico) encontram-se “desligados” quando os circuitos da paixão estão operando a todo vapor. Fonte: AP
❗Para a maioria das pessoas, "amor" significa se entregar com paixão avassaladora a alguém, aquela coisa de arrepiar os pêlos do corpo, o coração palpitar e a emoção aflorar. Mas isso não é amor! Isso é paixão!
🤔Pergunto: será então que a auto cobrança para "amar" nossos filhos não está muito ligada a uma concepção errada do que é "amor"? Pense bem. Questione-se. Seja crítica com esse assunto, isso vai te fazer bem.
Muitas amigas se questionam quando vão sentir aquele amor arrebatador pelos filhos, tão relatado pelas mães plenas, belas e felizes. Eu mesma já me questionei isso! Me sentia infeliz, incompleta, menos mãe. Minha concepção de "amor" estava bem errada. Comecei a olhar para meu filho em meus braços e a me questionar: se isso que eu sinto não é "amor", é o que então?
A mídia e o marketing fazem uma lavagem cerebral nas pessoas, fazendo-as questionar os próprios sentimentos. Te vendem uma ideia de maternidade e amor fictícios. Uma maternidade impossível e um amor fantasioso. Sabe por quê? Por que isso é rentável. "Olha aqui, mãezinha, compra esse brinquedo caríssimo pro teu filho, porque isso vai fazer vocês se amarem ainda mais", "ser mãe é maravilhoso, o amor é incondicional e as dificuldades são mínimas perante esse amor". Oi? Tem até gente por aí, em perfis pseudocientíficos, dizendo que exaustão é amor, que tudo bem uma mãe estressadíssima com total privação de sono. Como dizem, menos, gente, beeem menos. Romantizar a maternidade não é nem um pouco legal.
➡️Ah, e já adianto: cortisol (hormônio do stress) compete com a oxitocina (hormônio do amor)!! Quando um está alto, o outro está baixo. Sabe o que isso significa?! Significa que química-hormonalmente falando é impossível sentir essa PAIXÃO por nossos filhos se o nosso cortisol está altíssimo por simplesmente PRIVAÇÃO DE SONO (entre outros).
Da mesma forma, quando a oxitocina está alta, o cortisol abaixa. É por esse motivo que quando a oxitocina está em alta, tendemos a ser menos críticos com quem amamos.
Uma amiga foi questionada pelo marido, quando o bebê dela tinha 15 dias. "Quando você olha pra ele, você sente o quê?". E ela respondeu na lata: NADA.
Mas ali estava ela, doando seu tudo por aquele serzinho. O bebê dela foi muito desejado! Ela lutou contra a infertilidade, lutou contra a trombofilia a gestação inteira, lutou por um parto humanizado, lutou para amamentar em livre demanda. E mesmo assim, ali estava ela, uma verdadeira mãe, se doando em completa entrega e devoção ao filho.
Quantas de nós não passamos pela mesma situação? Aposto que a maioria! Como tudo na vida, acredito sim que há excessões e algumas amaram apaixonadamente seus bebês de forma imediata. Mas a maioria tá do outro lado. Vivendo a loucura do puerpério e tentando achar algum sentido em tudo aquilo que está sentindo. Muito mais do que AMOR, puerpério é DOR. Seja dor física, emocional ou espiritual. É dor. Seja perda de identidade, hormônios a mil, privação de sono, falta de empatia, amamentação difícil ou impossível, dor do parto normal, dor da cesárea. É uma confusão.
Vamos voltar pro AMOR. Então, concluo que:
- Eu sempre AMEI meu filho, porque sempre dei o meu melhor para ele: afeto, proteção, cuidado, zelo, dedicação.
- Comecei a sentir PAIXÃO por ele depois que ambos começamos a dormir melhor e o meu nível de cortisol abaixou. Isso aconteceu quando ele completou 1 ano de idade.
Hoje, neste momento, eu amo e sou apaixonada pelo meu filho.
🤬Porém, quando estou estressada, com privação de sono, sem paciência e meu filho está se "comportando mal", meu cortisol aumenta e minha dopamina, serotonina, e oxitocina caem. Não deixo de amar meu filho, mas NAQUELE MOMENTO, não estou apaixonada por ele. Aliás, ele não precisa se "comportar mal" para que eu deixe de sentir paixão. Se estou demasiadamente preocupada, isso também pode acontecer.
Não há absolutamente nada de errado com você por não sentir aquela paixão. A maioria de nós não sente e tá tudo bem, não é algo vergonhoso que devemos esconder.
🌸Vamos todas entender como os hormônios trabalham no nosso corpo e ter paciência. Puerpério é muito difícil. A cascata hormonal deixa a gente piradinha. Mas vai passar.
🌎O universo irá conspirar para que nossos hormônios entrem em perfeita harmonia e a gente sinta a tão falada e esperada paixão pelos filhos. Porque amor a gente já tem de sobra. Só falta dormir rs.
Vou gostar muito da contribuição de vocês. Um beijo!