sexta-feira, 9 de junho de 2017

Aborto e relato pessoal - Como o empoderamento ajuda a lidar com a dor da perda gestacional?


Texto por Carol Almeida.

Eu sei que estamos acostumadas a ler os relatos dos positivos empoderados aqui no blog, mas este relato é um pouco diferente. Não é um relato triste, longe disso. É um relato confiante, com a certeza de que nada foi e nem será em vão. Muito difícil para qualquer mulher falar sobre sua experiência de uma gravidez interrompida, e para mim não é diferente. Ser EMPODERADA não é ser insensível às situações, e sim saber lidar com elas, conseguindo dominar as emoções ruins antes que elas nos dominem. 

Eu conheci o blog e o grupo em janeiro de 2017, era completamente arriscante e não sabia nada sobre minha fertilidade. Conheci o método sintotermal, passei a tomar vitaminas, ácido fólico – na dosagem certa, claro –, preparar e fortalecer meu corpo, seguindo as dicas do grupo, conhecendo como funcionava meu ciclo e, assim, em 3 meses veio o tão esperado positivo, comemorado por todas no grupo. 

Fiz surpresa pro marido – que ficou super feliz –, era do G2 e fui para o G3 (o grupo tão sonhado das gravidinhas). Tudo ia maravilhosamente bem! Fiz minha primeira ultra com 5 semanas e 5 dias e já ouvi o coraçãozinho do meu bebê bater. Que sensação maravilhosa! Já fazia planos pro chá de revelação... Aliás, foram feitos muitos planos, viagens adiadas, pois agora tudo, tudo girava em torno desse novo bebê. Fiz todos os exames e tudo ok, dei um tempo da academia, segui todos os cuidados e orientações da médica (obstetra).  

Estava já de 9 semanas e ansiosa para o meu primeiro dia das mães. Porém, no sábado à noite que antecedia esse dia tão esperado, notei um leve sangramento (quase nada), e, então, fomos para a urgência obstétrica verificar se estava tudo bem. Primeira avaliação ok, colo do útero fechado, sangramento já tinha cessado. Fui fazer a ultra e, de repente, meu mundo desabou: o médico me falou que o embrião só se desenvolveu até 6 semanas e tinha ausência de batimentos cardíacos. Eu e meu esposo fomos para casa, com um vazio enorme no peito. 

No dia seguinte, eu estava lá novamente, agora para me internar e fazer a curetagem. O dia que era para ser o meu primeiro dia das mães, foi o dia em que estava perdendo meu bebezinho. Fiz a AMIU (aspiração manual intrauterina), um procedimento menos agressivo e com recuperação mais rápida que a curetagem tradicional. Não senti dor física, além daquela causada pela interrupção do meu sonho, mas foi traumático psicologicamente, é claro. Logo veio a sensação de culpa, “o que eu fiz de errado?”, “o que faltou fazer?”, “eu fiz tudo certinho”, mas no fundo eu sabia que o que aconteceu não foi minha culpa, fugia ao meu controle. 

Vivi o luto da perda, mas não deixei que o luto se transformasse em medo e insegurança. Parte do processo de empoderamento é você ter conhecimento sobre tudo que se pode fazer pra ajudar o processo de fertilidade e que existem situações alheias ao nosso controle. Claro que podemos reduzir as chances dessas situações acontecerem, mas não temos como garantir 100% que elas não irão acontecer. 

Recebi muito apoio, tanto do meu esposo como das meninas do grupo, e isso foi fundamental para a minha recuperação. Li, pesquisei, aumentei ainda mais meus conhecimentos, me fortaleci. Minha recuperação foi ótima. Quando parou o sangramento (que foi bem pouco), eu já estava querendo voltar a medir minha temperatura basal, voltar com as vitaminas, e mais do que isso, estava ansiosa para voltar a ser tentante. Vocês sabem por quê? Porque o empoderamento te dá esse poder, o poder de saber que, apesar dessas situações “desagradáveis”, você está no caminho certo!

Refiz meus exames e vi que ainda posso melhorar minha vitamina B12 e D3, então, aumentei as doses diárias. E cá estou eu, tomando minhas vitaminas, ajustando o que precisa ser ajustado, medindo minha TB e aguardando o momento em que farei meu novo relato, do meu novo positivo. Nunca vou esquecer do meu primeiro bebê, ele estará sempre no meu coração, mas hoje meu coração está cheio de esperança e de certeza que tudo que fiz e que estou fazendo vai contribuir para o sucesso da minha próxima gestação. 
O recado que quero dar é que devemos tomar posse da nossa fertilidade e não deixar que nada nos distancie do nosso sonho de sermos mães. Este caminho pode ser mais longo, mais difícil, com obstáculos ou não, mas, com certeza, se você se empoderar, você encontrará um atalho e em breve chegará ao seu destino.
 Texto por Carol Almeida.

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